Nos arredores da cidade de Lagoa Santa, em Minas Gerais, onde o cerrado encontra as águas calmas de uma lagoa de aparência serena, mora uma lenda antiga e misteriosa, passada de geração em geração: a lenda da Velha da Lagoa.
Dizem que, em noites de lua cheia, uma figura idosa e encurvada, de cabelos longos e brancos como algodão, sai das margens da lagoa, andando lentamente com um cajado, murmurando palavras incompreensíveis. Seus olhos são fundos e brilhantes, como se carregassem séculos de dor e sabedoria.
A Maldição da Riqueza
Segundo os antigos, essa velha seria a alma penada de uma curandeira, moradora da região no tempo do Brasil Colônia. Ela dominava os segredos das águas, das ervas e das pedras encantadas. Os fazendeiros da região temiam seu poder, mas também a buscavam quando suas plantações morriam ou suas crianças adoeciam.
Certa vez, um homem ganancioso tentou forçá-la a revelar o local de um tesouro enterrado nas margens da lagoa. A velha se recusou. Furioso, ele a amarrou a uma pedra e a jogou na água. Mas a lagoa não a aceitou.
Na mesma noite, uma tempestade caiu sobre a vila, o homem desapareceu, e as águas da lagoa começaram a borbulhar como se estivessem vivas. Desde então, dizem que a velha ressurgiu, amaldiçoada a guardar o fundo da lagoa para sempre, como protetora dos segredos ali escondidos.
Aparições e Mistério
Moradores da região relatam que, em noites silenciosas, a velha pode ser vista caminhando sobre as águas ou parada à beira da lagoa, encarando quem ousa se aproximar. Ninguém tem coragem de olhar diretamente em seus olhos, pois dizem que ela é capaz de mostrar visões do passado, e revelar segredos que ninguém deveria saber.
Alguns que jogaram pedras ou zombaram da velha foram encontrados sem memória, outros juram ter escutado seu lamento ecoando nas águas.