Em meio às ladeiras históricas e ao casario colonial de Diamantina, ergue-se um sobrado antigo e imponente, de janelas altas e grades de ferro. Trata-se da Casa do Conde, uma construção que remonta ao século XVIII, ligada à opulência dos tempos do diamante, e a uma das mais temidas lendas da cidade.
Um Conde temido e cruel
Conta-se que ali viveu um conde português, homem de riqueza descomunal, influente junto à Coroa, mas de temperamento cruel. Era conhecido por tratar mal os escravos, castigar empregados e desprezar qualquer um que ousasse desafiá-lo. Dizem que havia salas secretas nos porões, onde ele trancava prisioneiros para que “pagassem por seus pecados”.
Um crime abafado
Certo dia, um jovem escrivão se apaixonou por uma das damas protegidas do conde, talvez uma sobrinha, talvez uma criada de confiança. O amor floresceu em segredo, mas foi descoberto. Numa noite silenciosa, o conde mandou executar o rapaz no porão, e a jovem foi enclausurada em um quarto do andar de cima, onde morreu de tristeza e febre dias depois.
Com o tempo, o conde caiu em desgraça, enlouqueceu e morreu sozinho naquela mesma casa. Mas sua alma jamais deixou o lugar.
Vozes, correntes e sombras
A casa, hoje vazia e de janelas fechadas, parece respirar à noite. Moradores da vizinhança relatam ouvir vozes baixas, correntes se arrastando, e o som de um piano antigo tocando melodias tristes. Há quem diga que uma mulher de branco aparece na sacada, olhando o vazio. E nos porões, a sensação de opressão e medo é quase insuportável.
A casa que ninguém habita
Várias tentativas de transformar o casarão em museu ou repartição pública falharam. Nada prospera ali. Equipamentos falham, luzes piscam, e os vigias pedem transferência depois de poucas noites. A Casa do Conde permanece fechada, como um túmulo de segredos, lembrando a todos que certas feridas do passado não cicatrizam facilmente.