No coração do sertão mineiro, entre colinas e trilhas esquecidas pelo tempo, existe uma antiga história que mistura ganância, desaparecimentos e um segredo escondido nas entranhas da terra. É a Lenda do Ouro de Bonfim, ou, como dizem os mais antigos, “o ouro que ninguém tira”.
O Mistério da Serra
Conta-se que há muitos séculos, durante o ciclo do ouro em Minas Gerais, um grupo de bandeirantes encontrou uma mina riquíssima de ouro nas redondezas do atual município de Bonfim. Era tanto ouro que dizem que as pedras cintilavam até à luz da lua. Mas esse tesouro era protegido por forças além da compreensão humana.
Dizem que os índios da região já conheciam o local e evitavam se aproximar, chamando-o de “Boca da Morte”. Ignorando os avisos, os bandeirantes entraram na mina… e nunca mais foram vistos.
O Feitiço da Guardiã
A tradição oral afirma que uma mulher velha e misteriosa, tida como feiticeira ou encantada, apareceu a um lavrador tempos depois e avisou:
“Esse ouro foi selado com sangue e dor. Ninguém o tirará sem pagar com a alma. Somente aquele de coração puro e mãos limpas verá seu brilho.”
Desde então, muitos tentaram, escavadores, aventureiros, forasteiros. Todos sumiram ou voltaram enlouquecidos. Um deles, encontrado dias depois vagando pela estrada, dizia apenas:
“Os olhos de fogo… a voz na pedra… o ouro me chamou, mas me prendeu…”
Os Sinais
Dizem que, em noites de lua cheia, luzes douradas aparecem nas encostas da serra, como se alguém estivesse martelando dentro da montanha. Também se escutam vozes abafadas, como lamentos ou risos distantes. Quem se aproxima demais do local sente um calafrio, como se estivesse sendo observado.
Alguns moradores acreditam que o ouro ainda está lá, guardado por espíritos antigos ou por um encantamento indígena, esperando o momento certo, ou a pessoa certa, para ser revelado.
A Maldição
A lenda termina com um aviso que atravessa gerações em Bonfim:
“O ouro ali é bonito, mas não é bênção. É armadilha. Quem procura a fortuna, encontra o fim.”