Nos vales profundos e místicos da Serra do Papagaio, onde corre o cristalino rio Matutu, dizem que vive um dos sacis mais antigos e ardilosos de Minas Gerais. Ele é conhecido por guardar um tesouro escondido, enterrado entre pedras, bambuzais e samambaias gigantes.
Um redemoinho diferente
Quem sobe as trilhas do Matutu à noite pode ouvir um assovio estranho, girando entre os cipós. Às vezes, surge um redemoinho seco, mesmo em dia de tempo firme. Os antigos dizem que esse é o sinal do Saci do Matutu, brincando com quem se aproxima de seu esconderijo.
Um ouro encantado
Segundo os tropeiros da região, o Saci esconde um tesouro de moedas de ouro deixado por bandeirantes e garimpeiros que morreram na serra. Ele enterrou o baú no alto de uma gruta e o protege com encantamentos e ilusões. Quem tenta encontrá-lo sem permissão se perde na mata, andando em círculos por horas ou até dias, mesmo conhecendo bem a trilha.
O segredo dos nós
Mas há uma brecha: quem deseja pedir ao Saci para revelar o ouro deve amarrar sete nós em uma fita vermelha e deixá-la ao lado de um bambuzal ao anoitecer. Se ele aceitar o pedido, no dia seguinte a fita estará desamarrada, e será possível seguir uma trilha iluminada por vaga-lumes até a gruta secreta.
Porém, cuidado: quem se aproximar com ganância, sem respeito pela natureza ou pelos encantos do Matutu, vê o ouro se transformar em pó, e é deixado sozinho, cercado por gargalhadas invisíveis e sombras dançantes.
Entre o real e o encantado
Até hoje, muitos acreditam que o Saci do Matutu ainda circula por ali, pulando em uma perna só, com seu gorro vermelho e rindo baixinho atrás das árvores. Seus olhos brilham entre as brumas ao amanhecer, lembrando aos que ousam explorar a serra que, no Matutu, os encantos andam soltos e só respeita quem tem alma limpa.